A partir dos anos 1990, observa-se um crescimento das chamadas “profissões de comunicação” – e que vai além dos estatutos previstos pelas habilitações em Comunicação. São jornalistas, publicitários, relações públicas e profissionais de audiovisual, mas também gestores de comunicação, community managers, analistas de redes sociais, infografistas, etc. Essa diversificação do campo profissional parece estar calçada em dois movimentos. Por um lado, os efeitos de real promovidos pela circulação de uma ideologia que reforçar a ideia da comunicação como uma atividade fundamental para as “sociedades da informação”. Como explica Neveu, esse imperativo comunicacional e que afeta setores distintos da sociedade, como saúde, turismo, ciência e cultura funcionará como uma injunção social e como elemento de federação dessa nova cartografia de empregos da comunicação. Por outro lado, a próprio percepção do espaço laboral em comunicação visto como um mundo social (Becker, 1982), atravessado por diferentes mundos (por exemplo, a tecnologia, o marketing, a universidade, etc.), explica a diversificação das profissões de comunicação e heterogeneidade de estatutos associados a essa prática.

Este contexto, sugere a necessidade de constituição de um programa de pesquisa de longo prazo e interdisciplinar com o objetivo de mapear essas “profissões da comunicação” (novas e antigas), analisando os perfis e identidades profissionais, seus processos de clivagem, de reagrupamento, suas mudanças e permanências, as relações que elas estabelecem entre si, os discursos que elas produzem sobre si e sobre as demais profissões, suas relações com os diferentes mundos sociais e com a sociedade. É neste sentido que propomos a criação do Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre as Profissões de Comunicação. O Laboratório pretende integrar atividades de pesquisa nas áreas de Comunicação, a Ciência da Informação, Design e Sociologia. O laboratório centrará suas atividades de forma coordenada com a Universidade de Brasília para promoção da pesquisa, desenvolvimento e inovação. Os eixos indissociáveis ao desenvolvimento das pesquisas realizadas tomam como base valores essenciais como, ética e respeito à diversidade, transparência e responsabilidade social, além do compromisso com a universalização do acesso ao conhecimento científico. Projetos interdisciplares serão desenvolvidos a partir de uma perspectiva cross-cultural, que envolve universidades parceiras no exterior, como a Universidade de Rennes 1, na França, e a Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica.