Esta pesquisa investiga como emerge, por meio da observação das práticas e da circulação de discursos e representações, uma identidade jornalística transnacional. O projeto é baseado na análise da identidade dos jornalistas e no modo como ela é forjada nas práticas diárias das redações on-line com base no resultado de cinco estudos monográficos em diferentes países: Canadá (2001-2004), Brasil (2003), França (2010-2011), França-Brasil (2011-2013) e Brasil-Bélgica(2015-2016). A pesquisa é baseada em uma hipótese de que, apesar das diferenças nos contextos histórico, social e econômicos, as identidades jornalísticas apresentam traços comuns, sugerindo o seu caráter transnacional. O programa de pesquisa está baseado em uma abordagem vinculada ao interacionismo simbólico aplicada às sociologias profissional e organizacional. Ela permite uma observação diacrônica e uma comparação transnacional de alguns elementos que emergem do trabalho e dos discursos dos jornalistas on-line desses países. Essa perspectiva qualitativa combina etnografias, entrevistas em profundidade com jornalistas e uma análise dos discursos de organizações internacionais sobre o jornalismo on-line. Nosso foco de análise, neste caso é: 1. A organização das práticas cotidianas nas redações; 2. As interações (com pares, fontes e públicos); 2. Os constrangimentos na produção das notícias; 4.Os discursos dos jornalistas sobre si, sobre o seu trabalho, sobre os demais integrantes do mundo social, sobre a internet. Os resultados preliminares revelam algumas diferenças e várias semelhanças na forma como os jornalistas on-line negociam e constroem suas identidades e práticas na Bélgica, Brasil, Canadá e França. Tais constatações podem estar relacionadas à circulação de discursos sobre o jornalismo e a internet e que explicam como os imaginários sobre inovações no jornalismo on-line estão sendo disseminados e apropriados em diferentes contextos.